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Quarta-feira de Cinzas - Missa às 12h e 19h

Confissões de manhã e de tarde. Normas da Conferência Episcopal portuguesa acerca do jejum, abstinência e outras práticas penitenciais. Aqui pode ver uma explicação sobre a origem e significado da imposição das Cinzas.

Os dias de penitência

Em Julho de 1984, a Conferência Episcopal, de acordo com o Código de Direito Canónico (can. 1253), estabeleceu as seguintes normas para o jejum e a abstinência nas Dioceses portuguesas:


Os tempos penitenciais
1. Na pedagogia da Igreja, há tempos em que os cristãos são especialmente convidados à prática da penitência: a Quaresma e todas as Sextas-feiras do ano. A penitência é uma expressão muito significativa da união dos cristãos ao mistério da Cruz de Cristo. Por isso, a Quaresma, enquanto primeiro tempo da celebração anual da Páscoa, e a sexta-feira, enquanto dia da morte do Senhor, sugerem naturalmente a prática da penitência.


Jejum e abstinência
2. O jejum é a forma de penitência que consiste na privação de alimentos. Na disciplina tradicional da Igreja, a concretização do jejum fazia-se limitando a alimentação diária a uma refeição, embora não se excluísse que se pudesse tomar alimentos ligeiros às horas das outras refeições.

Ainda que convenha manter-se esta forma tradicional de jejuar, contudo os fiéis poderão cumprir o preceito do jejum privando-se de uma quantidade ou qualidade de alimentos ou bebidas que constituam verdadeira privação ou penitência.

3. A abstinência, por sua vez, consiste na escolha de uma alimentação simples e pobre. A sua concretização na disciplina tradicional da Igreja era a abstenção de carne. Será muito aconselhável manter esta forma de abstinência, particularmente nas sextas-feiras da Quaresma. Mas poderá ser substituída pela privação de outros alimentos e bebidas, sobretudo mais requintados e dispendiosos ou da especial preferência de cada um.

Contudo, devido à evolução das condições sociais e do género de alimentação, aquela concretização pode não bastar para praticar a abstinência como acto penitencial. Lembrem-se os fiéis de que o essencial do espírito de abstinência é o que dizemos acima, ou seja, a escolha de uma alimentação simples e pobre e a renúncia ao luxo e ao esbanjamento. Só assim a abstinência será privação e se revestirá de carácter penitencial.


Determinações relativas ao jejum e à abstinência
4. O jejum e a abstinência são obrigatórios em Quarta-Feira de Cinzas e em Sexta-Feira Santa.

5. A abstinência é obrigatória, no decurso do ano, em todas as sextas-feiras que não coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades. Esta forma de penitência reveste-se, no entanto, de significado especial nas sextas-feiras da Quaresma.

6. O preceito da abstinência obriga os fiéis a partir dos 14 anos completos.

O preceito do jejum obriga os fiéis que tenham feito 18 anos até terem completado os 59.

Aos que tiverem menos de 14 anos, deverão os pastores de almas e os pais procurar atentamente formá-los no verdadeiro sentido da penitência, sugerindo-lhes outros modos de a exprimirem.

7. As presentes determinações sobre o jejum e a abstinência apenas se aplicam em condições normais de saúde, estando os doentes, por conseguinte, dispensados da sua observância.


Determinações relativas a outras penitências
8. Nas sextas-feiras poderão os fiéis cumprir o preceito penitencial, quer fazendo penitência como acima ficou dito, quer escolhendo formas de penitência reconhecidas pela tradição, tais como a oração e a esmola, ou mesmo optar por outras formas, de escolha pessoal, como, por exemplo, privar-se de fumar, de algum espectáculo, etc.

9. No que respeita à oração, poderão cumprir o preceito penitencial através de exercícios de oração mais prolongados e generosos, tais como: o exercício da via-sacra, a recitação do rosário, a recitação de Laudes e Vésperas da Liturgia das Horas, a participação na Santa Eucaristia, uma leitura prolongada da Sagrada Escritura.

10. No que respeita à esmola, poderão cumprir o preceito penitencial através da partilha de bens materiais. Essa partilha deve ser proporcional às posses de cada um e deve significar uma verdadeira renúncia a algo do que se tem ou a gastos dispensáveis ou supérfluos.

11. Os cristãos que escolherem como forma de cumprimento do preceito da penitência uma participação pecuniária orientarão o seu contributo penitencial para uma finalidade determinada, a indicar pelo Bispo diocesano.

12. Os cristãos depositarão o seu contributo penitencial em lugar devidamente identificado em cada igreja ou capela, ou através da Cúria diocesana. Na Quaresma, todavia, em vez desta modalidade ou concomitantemente com ela, o contributo poderá ser entregue no ofertório da Missa dominical, em dia para o efeito fixado.


As formas de penitência não se excluem mas completam-se mutuamente

13. É aconselhável que, no cumprimento do preceito penitencial, os cristãos não se limitem a uma só forma de penitência, mas antes as pratiquem todas, pois o jejum, a oração e a esmola completam-se mutuamente, em ordem à caridade (Normas publicadas com data de 28 de Janeiro de 1985).

 

As cinzas sagradas, origem e significado

Com a Quarta-feira de Cinzas inicia a Quaresma, período de quarenta dias que precede a Páscoa, durante os quais somos convidados à conversão. Assim como a Sexta-feira Santa, é um dos principais dias da Quaresma a ser dedicado ao jejum e abstinência de carne.

Depois de João ter sido preso, Jesus veio à Galileia, pregando o Evangelho de Deus. Dizia: "Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos acreditai no Evangelho" (Mc 1, 1-15).

Do trecho do Evangelho de Marcos foi extraída a fórmula que acompanha a imposição das Cinzas Sagradas, permitidas para todas as celebrações do dia. Com este simples gesto no início deste período litúrgico, evidencia-se, além do aspecto penitencial, também o tempo da conversão, da oração assídua e do regresso ao Pai Celeste.

Origem da celebração

Segundo a antiga praxe, o sacramento da penitência era público e constituía de facto o rito que dava início ao caminho de penitência dos fiéis que seriam absolvidos na celebração da manhã da Quinta-feira Santa. Mais tarde o gesto da imposição das Cinzas – obtidas queimando os ramos de oliveiras benzidas no Domingo de Ramos do ano anterior – estendeu-se a todos os fiéis e foi colocado dentro da celebração da Missa, no final da homilia. Também a fórmula que acompanha, com o tempo foi mudada: no início era “recorda-te que és pó e em pó te hás de tornar!” extraído do Génesis.

O significado bíblico das Cinzas

As cinzas sagradas que são colocadas na fronte estão presentes no texto bíblico várias vezes e assumem um significado duplo. Antes de tudo indica a frágil condição do homem diante do Senhor, como evidencia Abraão que fala a Deus no Génesis: “Abraão prosseguiu e disse: ‘Sou bem atrevido em falar a meu Senhor, eu que sou pó e cinza’” (Gn 18, 27). Job também sublinha o profundo limite da própria existência: “Arremessam-me ao lodo e eu me confundo com a poeira e a cinza” (Job 30, 19). Assim como outros exemplos do Livro da Sabedoria e do Eclesiástico: “De repente nascemos, e logo passaremos, como quem não existiu. Fumaça é a respiração em nossas narinas e o pensamento, uma centelha ao pulsar do coração: quando ela se apaga, nosso corpo se tornará cinza e o espírito se dispersará como o ar inconsistente. (Sab 2, 2-3); “Por que se ensoberbece quem é terra e cinza, aquele que ainda em vida expele as próprias entranhas? (Eclo 10,9). Também, as cinzas são um sinal concreto de quem se arrependeu e com o coração renovado retoma o próprio caminho para o Senhor, como se lê no Livro de Jonas no qual o rei de Nínive, ao receber a notícia da conversão do seu povo, senta-se sobre as cinzas, e no de Judite no qual os habitantes de Jerusalém que querem rezar a Deus para que os liberte, espalham em suas frontes as cinzas sagradas.

Fonte: Vatican News